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Islândia – aventuras no sul do país

Primeira impressão de dormir num camper: que saco que é levantar à noite pra fazer xixi. 😉 Mas em compensação, que delícia acordar no meio da natureza, com uma cachoeira linda logo ao lado!

O programação do dia era bem cheia e eu sabia que havia um montão de coisas para ver no nosso caminho até Vik – se preparem para infinitas fotos! Então ficamos felizes por já acordamos do ladinho do nossa primeira parada. Foi só tomar o nosso chazinho e começar a explorar.

Paramos o carro em frente à um camping que dava para a Gljúfrafoss, uma cachoeira bonita mas que normalmente é overshadowed pela sua vizinha mais famosa. O camping não parecia nem estar funcionando, talvez por ser fora de temporada, então entramos logo em direção à cachoeira. Por causa da chuva do dia anterior o campo que dava para ela era um lamaceiro danado, e completamente minado com cocô de ovelha (mas muitas ovelhinhas fofas por todos os lugares :-)). Eu havia lido que era possível visitar a cachoeira de pertinho, passando por entre as rochas, mas o caminho por baixo era só um lago de lama que não dava em lugar algum! O Martin então resolveu explorar por cima da rocha, mas a franguinha aqui ficou com medo na metade do caminho e resolveu esperar embaixo. Mas segundo o M valeu a pena e a queda d’água era muito massa de perto.

Ó que bonita!

Ó que bonita!

Sheep poop everywhere

Sheep poop everywhere

E a Seljalandsfoss do outro lado

E a Seljalandsfoss do outro lado

De lá começamos a andar em direção à Seljalandsfoss, que é aquela super famosa por onde é possível passar por trás da queda d’água – como num mundo encantado. 😀 Mas antes de chegarmos lá percebemos que seria melhor estrear nossas calças à prova de chuva, então voltamos tuuuudo até o carro pra trocar de roupa. Ai ai. Mas a paisagem era linda e o tempo havia aberto completamente, o que foi uma delícia de ver.

A cachoeira é espetacular e foi especial caminhar por trás dela. Como ainda era cedo os turistas ainda estavam começando a chegar, fomos explorando os caminhos por dentro – e ter buscado as calças impermeáveis foi mesmo uma ótima ideia. Pena que estávamos na sombra e as fotos não colaboraram tanto. Mas dá pra ter uma ideia de como é espetacular.

Não faz juz ao tanto que é linda

Não faz juz ao tanto que é linda

Seguimos viagem: o tempo estava fantástico e as paisagens no caminho eram incríveis. Vimos o vulcão Eyjafjallajökull de longe (com pausa para tirar foto), mais geleiras e campos lindos.

Nosso carrinho

Nosso hotel com vista 🙂

Ó ele lá atrás

Ó ele lá atrás

Agora uma nota particular: quando eu estava planejando a viagem, o Martin ficava rindo do nível de detalhes da minha pesquisa. Sim, eu passei incontáveis horas pesquisando o que nós poderíamos visitar, tomando nota de todas as dicas e blogs de viagem. Marido achava um exagero, mas no fim… 😉

Saímos da rota 1, por uma pequena rua esburacada em direção a um vale de onde brotavam dezenas de cachoeiras. As instruções que eu havia lido diziam para chegar até o fim da rua, parar o carro em frente a uma casinha e seguir a pé para o vale. Só havia outro carro parado lá, mas como era um camper van como o nosso, imaginamos que havia um motivo e estávamos no caminho certo. O início do caminho era fácil, passamos por um pequeno riacho e caminhamos sobre as pedras – até eu que sou sedentária fiz de boa. No meio do percurso encontramos duas francesas que estavam voltando (provavelmente as donas do carro), que confirmaram que estávamos no caminho certo. Subimos um morrinho, o caminho ficando mais difícil, atravessamos um rio subindo sobre as pedras (obrigada botas impermeáveis), e finalmente avistamos nosso destino, escondido numa esquina.

No caminho...

No caminho…

... lindas paisagens...

… lindas paisagens…

... um pouquinho de aventura...

… um pouquinho de aventura…

... com uma recompensa no fim!! :-D

… com uma recompensa no fim!! 😀

Não é legal demais? Esta piscina, chamada Seljavallalaug, foi construída originalmente em 1923 por um islandês que queria um lugar onde os membros da comunidade poderiam aprender a nadar. Hoje em dia o lugar é mantido por voluntários e limpa uma vez por ano, inclusive a própria comunidade se mobilizou para limpar a piscina das cinzas do Eyjafjallajökull quando ele entrou em erupção em 2010. Há um pequeno vestiário (que estava imundo), e a água é quentiiiiiiiinha! Como a água flui entrando por uns canos e logo saindo por outros, apesar de não ter cloro e não ser limpa com frequência, a água estava sim limpinha (com exceção de um pouco de lodo no fundo e nas paredes). E o melhor: apesar da proximidade da ring road a piscina não é óbvia, fica escondidinha e passa longe da maioria dos guias de viagem = pouco ou nenhum turista! Segredinho de amiga, não precisa agradecer. 😉

Como não havia mais ninguém lá quando chegamos e como durante nosso percurso também não vimos ninguém vindo atrás de nós, sabíamos que teríamos a piscina só para nós dois por no mínimo meia hora. Resolvemos então nos poupar do trabalho de secar nossas roupas de banho molhadas: entramos na água “como viemos ao mundo” mesmo! 😉 Hahahah foi muuuuito legal! Só nós dois boiando na água relaxante, um vale cheio de cachoeiras e muita natureza. ❤ Obrigada Internet por me ajudar a encontrar lugares como este! Foi inesquecível!

Só pra nós!

Só pra nós!

Voltamos à estrada principal depois de enfrentar novamente os buracos imensos da estrada de terra e fomos a caminho da Skógafoss. Almoçamos num restaurante logo antes de chegar na cachoeira, que estava completamente deserto. Começamos a perceber que na Islândia não há exatamente uma infinita opção de comida: sempre hambúrguer, fish and chips e pizza. E sim, eu imagino que nós restaurantes mais conhecidos e menos copo sujo haja mesmo opções variadas de comida local, mas quem quer ter de procurar lugar pra comer fora da civilização quando se está morrendo de fome?

Enfim, o bom é que como já estava no começo da tarde, o sol brilhava forte na Skógafoss. Havia muitos turistas, e como sempre confirmamos que viajar em grupo não é mesmo uma opção para a gente, se pudermos escolher fazer por conta própria. Nós subimos a montanha para ver a cachoeira de cima, o arco íris brilhando forte com a luz do sol e a vista linda de onde até dava para ver o mar. Espetacular! Que saco deve ser ter que ficar só lá em baixo… 😉

E o tanto que esse arco-íris era maravilhoso?

E o tanto que esse arco-íris era maravilhoso?

Poder explorar é mais legal!

Poder explorar é mais legal!

Ficamos um tempo explorando a cachoeira e como ainda estava cedo (o dia estava rendendo que era uma beleza) seguimos viagem. A próxima parada ficava ali pertinho: o glacial Sólheimajökulsvegur. Dá pra chegar por uma estrada de brita (que o GPS nem reconheceu) e no fim há um trailler que vende pacotes para fazer trilha sobre o glacial (não, obrigada!). Mas nem é necessario pagar, é só caminhar por uns 10 minutos que já se chega na língua da geleira. Para os mais aventureiros (oi!) dá até pra subir no gelo. E foi o que fizemos, é claro. E se nós achávamos que estavamos nos arriscando demais por subir na geleira sem o equipamento adequado, imagine uns mexicanos que ficavam patinando de All Star de um lado para o outro, ou subindo nos iceberg soltos no laguinho.:-o

Como tudo nessa vida: ao vivo é 1000 vezes mais legal

Como tudo nessa vida: ao vivo é 1000 vezes mais legal

Depois seguimos viagem para Dyrhólaey, um penhasco/penísula que fica logo antes de Vik. Foi liiiiindo! O penhasco, o mar bravo, muitos pássaros marinhos (mas nada de puffins) e a praia com areia pretinha. Fora que o sol brilhava nas pedras e na água deixando as fotos a coisa mais linda do mundo. Foi muito especial.

Espetacular

Espetacular

Não precisa de filtro

E Vik não precisa de filtro

Pretiiiiiinha e só pra nós

Areia pretiiiiiinha e a praia só pra nós

Depois seguimos viagem até Vik, que seria nossa última parada do dia. Jantamos antes de explorar a cidade, vimos a famosa praia de areia preta, que é realmente incrível. Fora que haviam poucas pessoas por lá, o que é sempre uma delícia de aproveitar. É imperdível, não há nem palavras para descrever o tanto que esse lugar é especial.

Apesar do plano original ter sido ficar em Vik, resolvemos ganhar tempo e começar ir em direção ao nosso próximo destino, já que ainda estava claro e nós estávamos animados. Nossa ideia era dirigir até achamos uma clareira pra picnic. Daí no meio da estrada vimos isso aqui:

WTF?!

WTF?!

Esse lugar é tão bizarro que foi inevitável: seria nosso acampamento para a noite! 🙂 Este lugar maluco se chama Laufskálavarða, e aparentemente há muitos anos um sujeito começou a fazer esses moledros e os viajantes passaram a fazer igual, pois acreditam que traz sorte – nós deixamos as nossas pedrinhas também. Hoje em dia o espaço é imenso, montinhos a perder de vista. Parecia que estávamos em outro planeta! A empolgação e a alegria de estar num lugar tão incrível como a Islândia depois do dia maravilhoso que tivemos eram tão grandes que fizemos o que qualquer pessoa normal faria: ficamos os dois dançando axé no meio da estrada. 😀 Estavamos tão felizes!

Para completar o dia maravilhoso, só faltava mesmo ver a aurora boreal. Fiquei na maior expectativa, olhando para o norte esperando para ver as luzes. O Martin repetia que ainda era cedo para ver qualquer coisa (eram 21h), o que eu sabia ser verdade, mas eu não queria arriscar não conseguir ver nada e continuava olhando pela janela da van. Daí de repente um outro carro simplesmente parou ao lado do nosso, bem na minha frente!!! Que ódio, que saco, e a gente achando que teria esse lugar só para nós! E por que essa mulher ta saindo correndo do carro? Por que ela está com a câmera, não vai dar pra ver nada dos montinhos alienígenas à noite mesmo. Ainda mais apontando para o céu assim, e…

Aí meu deus, a aurora ta do outro lado!!!!!

Beeeeem ao fundo podíamos ver uma luz dançando no céu! Ela realmente se mexia do jeito que imaginamos a aurora, mas era bem fraquinha e branca (depois pesquisei e soube que a olho nu a aurora fica branca mesmo, o olho humano não dá conta de enxergar as luzes verdes à noite). Corri para fora e tentei tirar fotos mas não saiu nada que prestasse (vide abaixo), então só fiquei olhando igual uma louca, de boca aberta, admirando as luzes se mexendo. Martin ficou bem decepcionado, pois eram realmente bem fracas, mas eu sei que muita gente não tem a sorte de ver nadinha, então esse pouquinho já me deixou feliz. Bucket list item: check! 🙂 Dia inesquecível!!!!!

Que bosta de foto, né!

Que bosta de foto, né!